quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Simples Funciona!



"Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma boa parte dela"

Lúcio Aneu Sêneca.

Filósofo, escritor e advogado, Sêneca escrevia sobre uma filosofia simples que abarcava o cotidiano do século I. Ainda que simples, essa filosofia atravessou as eras e ainda hoje parece bem atual.

Jogamos boa parte de nossas vidas fora e ainda reclamamos de não ter tempo! Mas cá entre nós, existe certo status em desperdiçar a vida!

Fazemos muito para todos e pouco para nós, movidos pelo status do reconhecimento, como se isso fosse o que de mais alto poderíamos encontrar nas realizações da vida. Ostentamos demais e vivemos quase nada.

Vale salientar entretanto, que confundir ostentação com ganância é um erro comum mas grave! A ganância, em sua justa medida, é fundamental para alcançarmos nossos objetivos e portanto para a realização pessoal. A ostentação é o ato de se exibir futilmente.

O grande desperdício da ostentação está na ausência de significado do ato de quem ostenta. Aquele que pela ganância obtém um elevado posto de trabalho, adquire bens e sabe gastar seus ganhos, desde que haja conforme sua vontade e saiba respeitar o valor dos demais indivíduos, faz muito bem!

Desperdiçar a vida não é estudar para alcançar uma vaga na universidade, desperdiçar é querer esta vaga para deixar sua mãe feliz, bem como querer comprar o carro do ano não pelo conforto que ele traz, mas sim, para esfregar na cara do seu vizinho

Essa futilidade, que faz tudo por causa dos outros e nada por si mesmo, é um dos fatores que levam ao desperdício da vida. Sêneca, na sua carta sobre a brevidade da vida, ainda diz:

” Perscruta a tua memória: quando atingiste um objetivo? Quantas vezes o dia transcorreu conforme o planejado? Quando usaste seu tempo contigo mesmo? Quanto mantiveste uma boa aparência, o espírito tranquilo? Quantas obras fizeste para ti com um tempo tão longo? Quantos não esbanjaram a tua vida sem que notasses o que estavas perdendo? O quanto de tua existência não foi retirado pelos sofrimentos sem necessidade, tolos contentamentos, paixões ávidas, conversas inúteis, e quão pouco te restou do que era teu? Compreenderás que morres cedo.”

Mais claro que isso impossível! Como dizer que vivemos pouco ou que vivemos mal se jogamos nossas vidas fora com uma série de picuinhas bestas que não nos acrescentam em absolutamente nada!

Dona Fulana não mede esforços para comprar um sapato caríssimo, afinal sua colega de serviço, Dona Sicrana, atual namorada de seu ex, comprou o mais caro calçado do catálogo da loja mais cara do shopping. No entanto a mesma Dona Fulana morre de vontade de conhecer o Rio de Janeiro. A renda de Dona Fulana não permite a mesma viajar e comprar o sapato, ela terá de escolher entre um e outro esse mês. Dona Fulana não hesita, vai a loja e torra seu suado salário com a porcaria do sapato

Afinal, viajar ela pode viajar sempre, mas provocar a Dona Sicrana é uma prioridade muito 
maior do que a realização pessoal. Fulana reclama de seu salário, reclama que não pode fazer nada, que o país é injusto, o mundo é uma merda e sua vida uma constante rotina

Mas é claro que sua vida é uma porcaria Dona Fulana! Você vive a vida dos outros, se afoga em mágoas e raivas desnecessárias e esquece da sua própria existência! Reclama das oportunidades que diz não ter e que estão bem debaixo do nariz dela, e ainda toma para si expectativas e sofrimentos banais. 
Dona Fulana foi só um exemplo, mas quanta gente não vive segundo os outros.

Acontece que nos deixamos levar por pequenas coisas que tomam nosso espírito e nos levam para longe dos momentos que fazem a fundamental diferença entre uma vida realizada e uma mera existência orgânica. É aquela hora extra feita não para ganhar mais, mas para fazer um "agá" pro chefe.Aquela empinada na moto, não pela aventura e pela adrenalina do risco, mas para se mostrar para galera, é aquela ofensa que você joga na cara da sua mulher, só para "mostrar quem manda"

Quanta besteira não? Quanta perda de tempo com coisas baixas, sem propósito, quanta ansiedade e sofrimentos desnecessários!

Não digo que todas essas coisas sejam estúpidas, mas, o que nos leva a fazer nossas escolhas? O que nos motiva? Qual a causa do que escolhemos e quais serão os efeitos? Penso que essa seja a pergunta que mais nos impeça de sofrer a toa nos permita utilizar melhor o tempo que temos de vida

Quando não vivemos nossas escolhas mas vivemos as escolhas dos outros começamos a assistir nossa vida ao invés de vivê-la. Jean Paul Sartre, filósofo do século XX, já dizia que somos os únicos responsáveis por nossas escolhas. Do Sêneca ao Sartre e do Sarte para hoje nada mudou. Culpar emissoras de televisão e sistemas econômicos pela nossa infelicidade é uma maneira covarde de se esconder da vergonha de sermos banais. A culpa da sua vida passar e você não perceber é sua e somente sua!

Quando temos essa consciência que somente nós somos responsáveis pelo o que somos, conseguimos viver com melhor qualidade de vida e sem chorar pelas oportunidades que passaram. Então veremos que a vida não é curta, ela é o tempo suficiente para realizarmos tudo aquilo que somos. 

Conta a história que Sêneca morreu tranquilamente, executando a ordem de suicídio dada por Nero, seu aprendiz (que nada aprendeu). Não morreu aos gritos e prantos porque soube fazer de sua existência a manifestação da sua vontade, sem se deter por essas pequenas coisas que apenas desviariam seu caminho da plena realização de si.

Para termos uma vida leve devemos tirar esses pequenos pesos da vida, que parecem insignificantes, mas que ajuntando eles sobre as nossas costas acumulam um peso tão grande que por vezes nos sufocam. Muitas vezes não percebemos isso por ser demasiado óbvio e simples. 

Queremos tirar grandes pesos das nossas vidas e muitas vezes pensamos ser incapazes de resolver nossos próprios problemas. Buscamos para as nossas vidas soluções muito complexas e pouco eficientes. Nos afastamos do simples, pensando que os sofrimentos da alma, por serem tão grandes, só se resolvem por formas complexas e exteriores a nossa consciência. Mas existe no simples o grande trunfo que o levou a atravessar as eras de forma tão contundente: O simples funciona!

2 comentários:

  1. Caramba, vc tá com blog?? :D
    Ass: "Oooo Nakajima"

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    1. kkkkk to sim cara, agora eu to na filosofia no mackenzie.

      Larguei mão de me formar em T.I. Sou + filosofia...kkkkkkk

      E se quiser comentar e acompanhar aqui velho, ta mais que convidado, aqui não é só pra filósofos, aqui é para discutir geral

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